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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Aleatório

Em algum momento dessa vida eu perdi o fio da meada.

As rédeas que eu até, algum dia, cheguei a pensar que tinha, perdi. E nessa onda, fui indo sem nem olhar pra onde. E a maré me levou para lugares inimagináveis, onde cheguei tão rápido quanto fui embora.

Eu não tive tempo de fazer planos. Era piscar o olho pra me ver em uma situação nova, e era suspirar por um minuto pensando "é assim que vai ser, então", pra que, no fim do fôlego, tal como Dorothy, fosse colocada no meio de um furacão que me respondia: não tão rápido assim, mocinha.

Virginiana com ascendente em Escorpião, né? Nunca soube o que isso significada, mas dizem por aí que isso me faz perfeccionista, calculista, controladora... Pois é. Chego a pensar se isso tudo não foi uma pegadinha do cosmos pra me fazer aprender a ser menos paranóica. Se for assim, já penso em me preparar para as próximas reviravoltas, porque eu ainda tenho recaídas com a prática do "pensar demais". Aliás, tá vendo? Eu nem sei do futuro e já estou querendo me preparar pro que eu nem sei se vai acontecer.

Mas apesar das recaídas e dos momentos de uma dúvida que parece que vai fazer cair até meu último fio de cabelo, a verdade é que, de uma forma ou de outra, venho sendo obrigada a fechar os olhos e deixar que a única previsão de futuro que eu tenha seja a da minha próxima ação. E depois disso, da próxima. E da próxima.

Eu poderia dizer que essa perspectiva amedronta, mas diante de todos os medos que tenho que enfrentar apenas pra criar a coragem de realmente tomar atitudes, o medo de não planejar fica até insignificante.

Ainda bem que não tenho entrevista de emprego à vista, porque na hora que chegasse a pergunta clássica "como você se vê daqui 5 anos?", eu, com certeza, iria travar. Meu amigo, eu não sei onde eu me vejo daqui a 5 meses, quem dirá anos! Na realidade, refletindo sobre isso enquanto escrevo esse parágrafo, talvez o que me falte, seja, no final das contas, honestidade comigo mesma pra poder admitir que lá no fundo eu sei aonde quero estar. Falta também a firmeza de olhar pra frente e prometer a si que não vou desistir. Ah, cara... Quer saber? Poderia continuar enfeitando e tentando poetizar, mas a verdade nua e crua é só uma: falta auto-confiança.

Perdi tanto o fio da meada que comecei a escrever sem nem saber sobre o que queria escrever e acabei escrevendo sobre coisas que não esperava escrever. E continuo escrevendo, talvez só pelo prazer de sentir meus dedos baterem nas teclas, talvez só pela saudade que sentia de vomitar palavras, talvez só por querer enrolar pra fazer as tarefas que estão pendentes... Talvez porque eu ainda tenha muito, muito mesmo, guardado, amarrotado, emaranhado, embaraçado, apertado lá no fundo de uma gaveta de sentimentos, e esse engodo todo já esteja transbordando. Talvez a gaveta não feche mais, apesar de todo o esforço, de empurrar com a bunda pra tentar apertar mais, de fingir que ainda cabe. Sempre fui desorganizada com coisas materiais, minhas gavetas realmente sempre foram assim... Repeti o padrão com as gavetas internas.

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