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sábado, 16 de agosto de 2014

Meu

Me desculpa se eu sou possessiva, tá?

É que o que é meu, é meu. Aliás, é assim que eu quero que seja. E na prática é sempre diferente. Na realidade, nunca é desse jeito. 

O que meu dinheiro comprar, aí sim, pode ser que seja meu. Minha roupa, meu fone de ouvido, meu celular, meu ursinho de pelúcia. São meus porque são objetos inanimados, não têm escolha, não têm vontade própria. São meus até serem roubados, mas isso também não seria culpa deles, então não me abalo tanto. 

Mas e todo o resto? Todo o resto, que é o que realmente me importa, esses nunca serão meus por completo. 

O que é meu é meu. Até ser roubado de mim.

Dentro da minha cabeça, nesse meu mundo (que é só meu), eu possuo algumas coisas. Note que eu disse algumas, não muitas, porque são poucas as coisas que eu acho que realmente conquistei. Eu nem sou ambiciosa, basta ter uma coisinha aqui, outra ali. 

Tenho algumas pessoas que são minhas, que guardo no coração como propriedade privada, que me cativaram e que eu rezo e cruzo os dedos pra ter cativado de volta. Elas são minhas porque escolheram ser, porque me deram liberdade de tê-las na minha vida, porque se deixaram conquistar por mim (assim espero). São minhas, e só podem ser roubadas de mim se assim o escolherem. Ninguém pode chegar e simplesmente tirar alguém de você como se tira doce de criança. Pra que isso aconteça, é preciso que haja outro processo de cativar e ser cativado. É preciso que a pessoa se deixe ser roubada, certo? Por isso nada é meu por completo. Só é meu enquanto quiser ser.

É isso que me incomoda tanto. Me desculpa se sou possessiva. É que eu sou a rainha da insegurança. Me assombra a ideia de alguém tomar meu posto no teu coração. Me atormenta pensar que você vai se deixar roubar de mim, que vai pertencer a outro alguém. Eu sei, ninguém é de ninguém, mas eu gosto de pensar que você é meu, entende? Me deixa na minha loucura... É que eu já acho tão difícil conquistar alguma coisa, e ao que tudo indica, te conquistei o suficiente pra te ter aqui até agora, então deixa eu achar que te tenho. Deixa eu achar que eu tenho tudo o que mora no meu coração. Você, meu artista favorito, meu filme favorito, minha música favorita. São todos meus, tá? De qualquer forma, pelo menos me dá uma garantia de que meu lugar em você tá guardado, de que você não quer que ninguém te roube de ti também. 

É só esse meu apelo. E se às vezes eu ajo que nem criança, faço cara feia, dou uma resposta seca, procura entender que é tudo insegurança. Que eu vivo morrendo de medo de te roubarem e de você escolher ser roubado, e que sou tão insegura que, ao primeiro sinal de perigo, já acho que te perdi. Eu não queria ser assim, juro pra ti que queria ser a pessoa mais confiante do universo, mas sei lá, não sou. Talvez, se fosse, não teria perdido tantas coisas (o que gerou ainda mais insegurança e que me deixa mais possessiva ainda... eita ciclo vicioso). Mas não sou.

Por todas essas coisas, te peço compreensão. E peço que me desculpe. Mas se sou possessiva, é só porque você é meu. E quando digo que você é meu, é só porque te amo. Porque tudo que amo, é meu. Porque amo tudo que tenho. E deixa eu pensar que te tenho.

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