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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Aos recomeços voluntários

Coragem pra recomeçar.

Na verdade, recomeçar quando não se tem outra escolha é fácil. Quando se tem voltado a estaca zero, depois de levar rasteira da vida, quando já tá mesmo no fundo do poço. Afinal, qual a outra opção nessas situações, a não ser levantar, erguer a cabeça e meter de novo as caras na luta?

Difícil mesmo é recomeçar sem que isso seja realmente necessário. Encerrar um ciclo que não lhe fez bem pra iniciar outro que lhe propõe novas oportunidades é simplesmente essencial. Agora, escolher pôr um ponto final numa fase que só lhe trouxe felicidades e conquistas em detrimento de outra que oferece promessas tentadoras e novas esperanças, aí sim, é outra história.

Talvez pra quem aja com a razão isso nem seja algo a se pensar. Por que continuar fazendo o mesmo se um novo caminho, aparentemente melhor, lhe é apresentado, não é mesmo? Só que pro coração não é só isso que importa. O coração não leva em consideração outra coisa senão o sentimento. Ele vai guardado cada pessoa, cada sorriso, cada alegria. Ele só quer ficar aonde estiver à vontade, onde se sente acolhido. 

A vida tem dessas. Já diria Charlie Brown Jr, cada escolha, uma renúncia. Como é difícil dar um tiro no escuro. Fechar os olhos e se jogar numa possibilidade, deixar pra trás certezas concretas. De qualquer forma, sempre vai restar os "e se". E se eu tivesse ido embora, será que eu poderia ter ido muito mais longe? E se eu tivesse ficado, será que eu seria muito mais feliz? 

É por isso que eu queria não ter crescido. Não nasci pra ser adulta. Queria voltar no tempo, ser criança e deixar que gente grande decidisse por mim, afinal, gente grande sabe de tudo e sabe o que é melhor. Mas as coisas não são desse jeito, né? Cresci mesmo... Tenho que lidar. Tenho que botar a razão de um lado da balança, o coração do outro. Tenho que esquecer o medo. 

Daqui a uns anos, talvez até daqui a uns meses ou semanas, eu vou lembrar de tudo isso e rir. Vou pensar "olha só o dilema que entrei por causa de uma coisa tão simples". A verdade é que eu acredito piamente que as nossas escolhas traçam um destino que é ideal pra gente, que vai nos levar exatamente onde devemos chegar e que tudo vai dar certo no fim.

Uma parte de mim quer pular esses meios pra chegar logo à conclusão final, mas se for assim, a gente não dá valor às conquistas, né? Então, minha outra parte respira fundo, estufa o peito e finge saber o que tá fazendo. Só finge.

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