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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Como dei a volta por cima

"0:26 - Sou a única acordada no avião. Não sei se por falta de sono ou excesso de sentimentos. Sabe-se lá porque, estava aqui chorando enquanto tocava "Last Hope". Passou um filme na cabeça. Sentimentos que, agora, dentro desde avião, prestes a iniciar algo que eu não faço a menor ideia onde vai dar, me parecem tão insignificantes. Acho que o que me leva às lágrimas é ver que passei por tudo isso e estou aqui. É ver na minha frente algo que era tão incisivo no passado se tornar algo tão trivial. Assim como tudo nessa vida, certo? Tudo passa, tudo sempre passará. O mais engraçado é que enquanto escrevia isso com certa dor em estar deixando coisas para trás, chega aos meus ouvidos, aleatoriamente, "Future". Poderia escrever a letra inteira aqui, tamanho é o encaixe do que ela diz com o momento presente. Em momentos de desilusão, já cheguei a questionar a existência dos meus tão queridos sinais do destino, mas ao me deparar com uma situação assim, não posso deixar de ter a absoluta certeza de que são reais. E se não forem, foda-se, servem para confortar o coração. (16.07.14)"

Não costumo desenterrar textos antigos, mas é que esse mereceu entrar pra história.

Vasculhando uma gaveta a procura de uma tesoura, resgatei meu mini moleskine de um ano atrás. Depois de um tempo de uso, se tornou um pouco difícil abrí-lo e me deparar com tudo que escrevia, pois se tratava de um monte de pensamentos confusos que queria colocar pra fora em uma época cheia de turbulências na minha vida. Ler tudo aquilo de novo me machucava tudo de novo. E de novo.

Hoje, num dia feliz, uma época feliz, num estado de espírito feliz, e com uma alma curada, criei coragem pra analisar todo o seu conteúdo. Em meio a páginas de frases de motivação, listas de motivos para não temer, textos muito mal escritos (provavelmente por estarem envoltos a nervosismo e talvez um pouco de raiva) e cheios de erros sobre tudo que estava sentindo e um amontoado de outras coisas que refletiam meu humor, achei esse, que na verdade é o último.

Escrito de dentro do avião, onde estava sentada do lado das minhas melhores amigas, com destino a Portugal, antes de embarcar para Amsterdã. Antes de viver os melhores (e mais cansativos) dias da minha vida. Antes de viver uma mudança absurda de pensamento, humor, maturidade. Antes de me libertar mais ainda das coisas que achava ser extremamente importantes, mas que, ao serem descartadas sem dó nem piedade, provaram não fazer falta alguma.

Tudo na nossa vida acontece, primeiramente, dentro da nossa cabeça. Isso é algo que nem sempre consigo controlar, mas que com certeza aprendi e não tenho dúvidas se é verdade. Eu não sou uma pessoa sempre positiva, eu nem sempre estou feliz e muitas vezes acho que vai dar tudo errado, mas eu sei muito bem que quando me dá uma inspiração e eu decido que, na verdade, vai dar é tudo certo, é isso que acontece. Ok, talvez as coisas são dêem sempre certo só porque eu decidi pensar que sim, mas se algo dá errado, não me abala tanto quanto quando eu estou no fundo do poço.

Eu só queria realmente registrar. Lembrar de épocas ruins, no fundo, me faz bem, porque eu também lembro de como dei a volta por cima. E esse "como dei a volta por cima" sempre acaba se tornando um dos momentos mais maravilhosos da vida. Nesse caso, foi uma Eurotrip, e eu não acho que vou ter outro "como dei a volta por cima" tão maravilhoso quanto esse. Mas sim, vai ser maravilhoso. Sempre é.

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